Esta semana o parlamento italiano aprovou uma Lei que regula qualquer coisa como as prescrições breves de crimes, que é como quem diz que agora, em Itália, há determinados crimes que prescrevem muito rapidamente, tendo a justiça que dar ao pézinhos caso queira condenar quem os comete.
Pese embora o referido diploma possa ser alvo de discussão sobre a sua pertinência, não teria nada de especial e seria apenas mais um, não se fosse dar o caso de esta ser mais uma das leis aprovadas em Itália para salvar o cu do seu primeiro-ministro, o sr. Silvio Berlusconi.
À semelhança do que aconteceu já várias vezes nos últimos anos, esta lei feita à medida impedirá, quase de certeza, que Il Cavaliere vá parar à prisão pela última atrocidade que cometeu.
Já nem estão em causa os crimes que o primeiro-ministro de um país cometeu, estão em causa o abuso de poder e a prepotência de um governante que vai alterando as leis a seu belo prazer e conforme lhe dá mais jeito.
E não estamos a falar da Líbia ou do Iraque ou da Costa do Marfim. Trata-se da Itália, um dos países do primeiríssimo mundo, que integra o G8 e que é uma referência na União Europeia. Uma nação influente que está nas mãos de um criminoso, de um mafioso, de um ordinário que se serve do poder, económico e político, para ir pela vida pisando, roubando, maltratando, abusando e alardeando de uma impunidade nojenta.
Eu, se fosse italiano, teria vergonha, uma tremenda vergonha. Mas como não o sou, limito-me a sentir vergonha alheia e indignação por saber que este ser existe e pergunto: como é possível?