Sou sincero: apesar de me orgulhar das minhas raízes e de, sem qualquer tipo de complexo, amar Campo Maior, a verdade é que nunca me considerei um bairrista ferrenho.
Mas há momentos em que a veia campomaiorense, de um gaiato criado aos tombos na Abertura, vem ao de cima e faz com que ferva o sangue raiano que tanto nos caracteriza.
Vem isto a propósito de um episódio recente que se passou no programa “Agora Nós”, da RTP, em que as nossas Festas do Povo marcaram presença para anunciar ao país que este ano há flores de papel em Campo Maior.
A produção do programa Agora Nós achou por bem complementar as intervenções dos convidados campomaiorenses com algumas fotos que descarregou da Internet. Até aqui nada de mais. O problema é que, azar dos azares, uma das fotos era de um papagaio do Redondo, quer dizer, de um papagaio de papel que fazia parte da decoração de uma das ruas floridas daquela vila alentejana.
Ainda a foto não tinha acabado de se desvanecer dos ecrãs de televisão e já os protestos vindo do Redondo se faziam ouvir.
Pessoalmente também protesto. Não quero, de todo, que a arte de Campo Maior se confunda com os trabalhos do Redondo.
Ora, aquilo que foi um lapso totalmente alheio à organização das Festas do Povo de Campo Maior, tem sido transformado por um punhado de, digamos, pessoas, como arma de arremesso contra as nossas festas.
Tenho assistido na página oficial do Facebook das Festas do Povo à publicação de alguns comentários que me deixam entre o “perdoa-os senhor que eles não sabem o que fazem” e o “se estivesses aqui ao lado levavas uma punhada na boca com as costas da mão”.
Acusa-se de plágio uma tradição com mais de 100 anos de existência. Insinua-se falta de qualidade e originalidade. Ofende-se um povo inteiro.
Há um até que afirma que tem um salão de cabeleireiro na Rua de Nantio, imagine-se…
Quero acreditar que estas reações não representam o Redondo e são fruto apenas de meia dúzia de mentes “esgroviadas” que devem ter muito pouco para fazer, que apresentam um diagnóstico grave ao nível da deficiência na visão e que estão muito longe de saber sequer o que significa honestidade moral e mental.
Não foram precisos nem muito tempo, nem muito engenho, para chegar às duas imagens que ilustram este post.
Duas pesquisas no Google e, “pum”, cá está… à vista de todos, a dura e crua verdade!
Ah, um pequeno aviso, vou fechar os comentários neste post porque, sinceramente, não tenho paciência para ler e aturar o cabeleireiro do Redondo.