27/10/2025 11:01

Tenho andado para escrever um post sobre o assunto Magalhães, mas tenho vindo a adiar porque fui afectado por esta espécie de onda que teima em deitar abaixo o pobre do computador.

Quando comecei a ouvir falar do projecto, a primeira opinião que criei era positiva. Quer dizer, é um computador pessoal portátil com laivos de última tecnologia, assemblado em Portugal por uma empresa portuguesa que emprega portgueses, vai contribuir para a formação dessas pequenas bestas que são os alunos portugueses (desculpem-me, mas ainda estou traumatizado), tem um custo acessível aos pobretanas do portugueses e ainda por cima tem pontencial como produto exportável e poderá, assim, aumentar o PIB português.

É claro que me esqueci que tanto português e tanto Portugal íam dar merda. Porque ao contrário do que diz o famoso anúncio, para nós, portugueses, o que é nacional não é bom. Poderiamos até adaptar o chavão e passar a citá-lo numa nova forma, tipo o que é nacional é lixo e eu nem preciso de olhar e ver para saber.

Tendo em conta o parágrafo anterior, depois daquele primeiro impacto positivo, comecei a absorver uma enorme dose de negativismo em torno do Magalhães. Ele eram as televisões, ele eram os jornais, alguns blogs, os pais na fila do supermercado e até a malta que costuma discutir os prognósticos do futebol após os jogos. Tudo e todos falavam mal do Magalhães. E eu quase, quase me deixei convencer…

Mas vai daí, descobri hoje um post num blog que me voltou a abrir os olhos. Não é o Magalhães que não presta, somos nós, portugueses de meia-tijela, que não valemos os tomates de um gato…

2 thoughts on “Coitado do Magalhães”
  1. Como sabes, tenho algum contacto com as escolas do 1º ciclo e sei da sua realidade informática. Continuo a achar que continuamos a colocar a carroça à frente dos bois. Sendo assim, subscrevo inteiramente o seguinto comentário:

    cparis Says:

    September 26th, 2008 às 14:11

    Sou contra o Magalhães acima de tudo porque não vejo vantagens. E a todos aqueles que me disserem que há vantagens pedagógicas, peço que me indiquem quais as vantagens que há de dar um computador a cada aluno se o professor não sabe trabalhar com ele. Digam-me quais as vantagens que há ter cada aluno isolado da turma a mexer no seu computador. Estamos a falar no primeiro ciclo.

    Já agora, para quem diz que GOSTA de viver num país que dá computadores, eu digo que NÃO GOSTO de viver num pais que gasta dinheiro a dar computadores e obriga os pais a pagar os livros e as refeições. E por último que DETESTO viver num país onde alguns miudos tem brinquedos novos pagos e outros não teem.

    1. Concordo inteiramente com o post e anuncio as minhas reservas em relação ao Magalhães.
      O grande problema com estas coisas modernas e tecnológicas são os riscos que podem apresentar às crianças.
      Em primeiro lugar, utilizar um PC sem orientação é totalmente inútil, pois nunca vai ser utilizado para estudar, pesquisar, ou desenvolver o processo de ensino-aprendizagem. Por uma simples razão: os alunos não sabem usar o PC porque os professores não sabem usar o PC.
      Primeiro que tudo devia-se exigir que os professores tivessem formação em tecnologia. Com isto não digo que toda a gente fosse tirar uma licenciatura em engenharia informática; digo simplesmente que façam cursos de formação. Já cansa ouvir as pessoas dizerem que ODEIAM computadores! Claro, odeiam-nos porque não querem perder tempo a aprender; porque pensam que não faz falta; porque muitos deles estão nos quadros e não estão para se chatear… Enfim, é um círculo vicioso. Admira-me que este governo, que se tem preocupado tanto em arranjar briga com os professores, não aposte nesta vertente tão importante do ensino – a formação docente. Era onde eu atacava primeiro. Simplesmente porque estamos na União Europeia e porque constitui sua política a abolição (ou pelo menos diminuição) dos iliteratos tecnológicos. O que é que a malta espera para começar a aprender coisas realmente úteis? Não percebo a acomodação das pessoas…
      Por outro lado, e voltando ao tema de base (o Magalhães), acho que o PC nas mãos de alunos do 1o ciclo, sem orientação dos profes nem fiscalização dos pais, pode ser mais daninho que benéfico. É como os telemóveis. Para que cargas de água tem uma criança de 6 anos um telemóvel? Acho deprimente. Acho que exigimos aos miúdos que cresçam demasiado depressa e vivam num mundo de homens. As crianças têm é que brincar na rua, cair, esfolar os joelhos, sujar a roupa, chegar a casa todos suados e levar um responso da mãe porque as calças estão rasgadas. Mas não, com tantas invenções os putos ficam em casa a gastar neurónios…
      Por fim, uma coisa que se fala noutro blog é a questão do uso de linguagem abreviada. A mim não me assusta, sinceramente, acho que até é positivo, pois revela que quem a usa tem um bom domínio da língua. No entanto, um miúdo que só utilize esse tipo de linguagem é preocupante, e cabe aos pais fiscalizar o assunto e desenvolver hábitos de leitura e escrita utilizando a língua correctamente.
      Por fim, concordo inteiramente com cparis. Tantos PCs e novas invenções e tanta gente que há que não pode estudar porque vive numa aldeia perdida no meio da serra e não tem transporte. Se o governo actuasse aí tinha a vitória garantida.

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