27/10/2025 11:12

PadreFoi notícia na televisão mas na altura, confesso, não me chamou muito a atenção. Só voltei a reparar no sucesso por culpa de uma reportagem da Visão que voltou ao assunto. Falo de um homem que foi preso por se fazer passar por padre. Dito assim nem parece muito grave, mas se lhe adicionarmos o facto do senhor ter casado, enterrado, baptizado e até exorcizado algumas dezenas de fiéis por esse país fora, a coisa muda de figura.

No entanto, parece que o caso não é único e que esta usurpação de identidades é mais banal do que possamos pensar. Na tal reportagem foram-me apresentados, para além do falso padre, um falso professor de matemática, um falso médico, uma falsa juíza, um falso psiquiatra e uma falsa generala, esta última com a dupla falta de se fazer passar por militar e por homem.

Mas voltemos ao padre. O homem, que até tinha um sentido de humor apurado, na sua última paróquia apresentou-se como Domingos Santos, praticou durante vários anos todos os actos que seriam de esperar que um verdadeiro padre praticasse e a questão que se levanta aqui é a seguinte: serão legítimas, aos olhos da instituição igreja e, consequentemente, de Deus, estas acções?

Foi isto mesmo que um casal do norte do país se terá perguntado, pelo que decidiram consultar com a Diocese do Porto se o seu casamento, oficializado pelo padre falso, é válido. A dúvida, a pergunta e a quem a endereçaram faz todo o sentido, o que me deixou perplexo foi a resposta: sim senhor. O casamento é válido e V. Exas. estão mesmo casadinhos da silva.

Ora essa, então e o sagrado da coisa? E a aquela parte da formação dos senhores padres? E a vocação? E tantas outros aspectos que levam os fiéis a depositar nas mãos do seu pároco a eterna união, mesmo depois de já terem assinado os papéis do contrato na conservatória?

5 thoughts on “Há coisas que não entendo.”
  1. Caro João. Quer-me parecer que, acima de tudo, o acto do casamento, ou de qualquer sacramento, tem mais a ver com a predesposição mental, fisica e espiritual da celebração. Deus não colocará em causa a sinceridade de coração do homem, só porque do outro lado não estava um “ministro verdadeiro”. O Espirito não deixará de descer sobre quem o invoque, ainda que o “invocador” esteja a falsear o acto.

    Ainda assim compreendo a questão, mas fica aqui a minha opinião e entendimento das coisas da “teologia escatológica”.

    Um abraço

    1. Olá Pedro.
      Acima de tudo, esta é mais uma das minhas provocações, ainda que, admito, esta em concreto me faça tremer um pouco.
      Na verdade, e em relação ao teu comentário, não me posso alongar muito. Não domino, de forma alguma, a teologia e por isso devo remeter-me ao silêncio da minha ignorância. Por outro lado, o que escreves faz-me sentido, de tal forma que me provoca mais inquietações, se é que me entendes.

      Um abraço 😉

  2. O sr padre Domingos Santos he he… lá sentido de humor tem ele.

    agora resta saber se terá sentido de oportunidade…

    Eu no seu lugar, e depois de “escorraçado”, pensava sériamente em escrever algumas memórias num livro que se chamasse, assim por exemplo “Conversas no Cofessionário”.
    E depois era esperar pra ver quem dava mais. As editoras… ou os fiéis de quem foi pastor… 😉

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